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Qualquer maneira de amor vale amar.

  • Mari Alves
  • 17 de nov. de 2016
  • 4 min de leitura

Sempre tive fama de bicho, mas apesar de toda grosseria que distribuo, muitas vezes inconscientemente, eu sempre fui uma fofa romântica com amigos, familiares e amores. Certa vez li numa entrevista de um psicólogo, que a maioria das características da nossa personalidade são formadas com base na criação que tivemos, no afeto que nos foi dado e no tratamento que recebemos quando criança. Por exemplo, se você cresceu com muitas demonstrações de amor, provavelmente, será uma pessoa que praticará muitas demonstrações de amor, já se você teve uma criação mais fria, mais escassa de verbalizações sentimentais, é bem possível que você seja um adulto mais fechado, com uma certa dificuldade em expor suas emoções. Ele também explicou que costumamos cobrar do outro um comportamento igual ao nosso, porque ainda temos dificuldade em lidar com o diferente, a gente tem a mania de esperar das pessoas atitudes baseadas no que a gente faria e isso muitas vezes atrapalha os nossos relacionamentos.

Tenho amigos pra todos os gostos, de carentes a auto suficientes, de icebergs a vulcões em erupções, e conforme você vai estreitando os laços de amizade, você consegue compreender a maneira do outro agir - pelo menos eu sempre tive esse sorte - e tudo fica bem, mesmo quando ele esquece seu aniversario ou ela te liga de cinco em cinco minutos pra contar alguma coisa, a gente releva, a gente aguenta firme, a gente já entendeu que o jeito da pessoa é aquele e vivemos bem com isso. O problema chega quando estamos falando de amores, dificilmente com eles nós temos a mesma compreensão que temos com os amigos e principalmente a aceitação rápida de que a pessoa é assim e pronto. A gente sempre quer que o ser amado supra nossas necessidades e muitas vezes não só corresponda as nossas expectativas, mas supere-as, só que nem sempre é assim e é aí o ponto inicial da ladeira, que muitas vezes vem a baixo.

Se você é mais fria, pode não saber lidar com tanto de calor que o outro vir a te passar, se você é dos mais românticos, pode se sentir desestimulado com a falta de reciprocidade do seu parceiro se ele for mais realista. O que a gente esquece é que famoso eu te amo, as três palavrinhas que todo mundo gosta de ouvir independente de qual tribo pertença, não significa nada se não vier acompanhado de uma serie de coisas, tem que ter o pacote completo. Não adianta o cara falar que te ama de cinco em cinco minutos e ser um babaca. Não adianta ela postar milhares de declarações de amor no facebook, se no dia a dia ela não te trata nem com metade de todo aquele amor que é exposto nas redes sociais. Existem mil formas de demonstrar sentimentos sem ser a verbal, tem gente que não adianta, não vai se dar bem com as palavras, mas vai demonstrar com outras maneiras o quanto se importa com você. Generosidade, compreensão, respeito, cumplicidade, cuidado e flexibilidade para ceder aos embates também são provas de amor, mesmo que mais discretas. A gente tem que se atentar aos detalhes, aprender a enxergar o que muitas vezes tá explícito na nossa cara, mas que teimamos em não ver simplesmente porque não foi dito.

Ela chegou cansada do trabalho, mas fez o jantar pra te agradar e brigou com sono pra ficar mais tempo com você vendo aquele programa de TV. Ela se preocupa se você não se atrasou pra aquela reunião, se tá indo bem no trabalho, ela pode não dizer que te ama, mas não vejo muito nexo todas essas atitudes se não forem pelo amor. Ele cancelou o futebol pra te acompanhar no batizado do filho da sua amiga, ele comprou o chocolate que você ama numas das idas ao mercado e deixou na geladeira pra você e baixou aquele filme mala que você tanto queria ver pra vocês assistirem no final de semana. Ele não manda flores com cartões românticos e balões coloridos, mas você jura que ainda precisa disso pra você finalmente ter certeza que ele te ama?

Eu demorei muito pra entender aquela história do amor ser um cuidado diário e demorei mais ainda pra aprender a aceitar de bom grado o amor que me vier a ser dado, mesmo que ele não chegue exatamente como eu gostaria. É difícil você não criar expectativas em cima do seu jeito de levar as coisas, é difícil você respeitar a forma do outro de te amar quando ela é diferente da sua, mas pra poder dar certo é extremamente necessário. Não é porque as exposições do outro sejam diferentes das suas que elas vão ser menores, não é porque ele não demonstra como você, que ele não sente ou sente menos que você. Assim como a gente aceita que o coleguinha agradeça nosso afeto mas não retribua igualmente, porque a gente entende que o jeito dele é outro, a gente tem que compreender que a pessoa que está do nosso lado tem outra maneira de amar que não a nossa, e também tem que tá tudo bem por isso.

Certo dia, escutei de uma amiga que quem menos demonstra, na maioria das vezes, é quem mais sente. Ela, um dos seres mais frios e esquisitinhos que conheço na vida, acrescentou que as vezes o sentimento é tanto, que eles não conseguem organizar em palavras pra se expressar, que é difícil colocar pra fora, e a gente tem que olhar com mais carinho pra isso, você não sabe como aquela singela mensagem, não tão melosa como você esperava, foi um puta sacrifício de ser escrita. Por fim, precisamos aprender a aceitar e respeitar todas as formas de amor, já cantou Lulu que todas elas são justas, e não só concordo que são mas acho que devemos ter mais empatia por elas. Afinal, tendo amor sempre vale a pena, o que nunca valerá é não amar.


 
 
 

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